City Heart cold

Honestamente, gostava de calor, mas, parecia pouco provável que iria ficar tudo bem daquela forma. Se ele estava apenas esquentando, então era provável que iria ficar apenas pior. Mordeu o lábio inferior e olhou para o orfanato. Se ele morava lá, por que estava ali? Bem, de todas as formas, era sua melhor chance de buscar ajuda.

Se levantou e retirou o casaco, colocando sobre ele. Entendeu que ele não iria morrer com o frio, mas, ainda sim...

- Eu-Eu já volto, ok?!

E partiu correndo. Certamente estava com sangue em si, mas, precisava o ajudar de alguma forma, qualquer forma.

"Mate-o. Acabe com a dor logo"
Ignorou aquela voz em sua mente enquanto se dirigia para o orfanato.

Olhou para si mesma, preocupada se estaria com marcas de sangue em si e procurou ir até o homem, ofegando por conta do seu esforço, sua mente vinha apenas para aquele rapaz.

- Com licença! - Procurou se acalmar e respirar para falar com o homem. - Do lado de fora, tem um garoto, ele ta com um gato e está bem ferido...

Em sua face estava completamente claro sua preocupação.

Ficou suavemente em choque com as palavras dele, mas, certamente estranhou um pouco aquele gato. Quer dizer, ambos tinham um, não deveria ser coincidência, seria?

- Eu... Não sei cuidar de ferimentos, e ele está todo cortado e cheio de cacos de vidro, e falava sobre "Estrela". - Falou num tom mais baixo, não querendo chamar a atenção das crianças. - Se quiser eu fico cuidando das crianças, mas por favor, ajude ele.

Olhou-o nos olhos, verdadeiramente clemente em seu pedido, sincera do fundo da alma. Estava até pensando no que poderia fazer para acalmar as crianças.

Ficou um tanto intimidada quando ele se levantou junto com o rosnado do gato recuando meio passo e levantou as mãos, um tanto incerta, apenas acompanhando o olhar dele para a garota, deixando-se ser guiada até o quarto.

Sentiu a boca do seu estomago apertar com aquela visão, sentindo até mesmo ficar suavemente tonta, mas, se manteve firme. Como aquilo podia acontecer? Ficou literalmente estacada durante alguns momentos.

Precisava fazer algo.

Pensou brevemente nos seus jogos, no que diferenciava uma ação boa de uma ação ruim, é que quando você tem a ação boa na sua frente, você deveria fazer algo, se não o faz, é uma ação ruim. Respirou fundo, reunindo sua coragem apesar das mãos tremendo de leve.

Respirou fundo e tirou a gravata, juntando os cabelos longos e amarrou-os parcamente, sorrindo determinada para a garota.

- Então é melhor arregaçar as mangas. - Literalmente começou a dobrar as mangas da sua roupa e foi em direção ao que parecia estar atendendo. - Por favor, deixe-me ajudar, não sei bem o que aconteceu, mas me diga o que posso fazer.

Já foi olhando ao redor, procurando onde poderia começar. Estava um pouco nervosa por conta da quantia de sangue, mas, iria procurar não se intimidar.

Ficou em choque ao ouvir aquilo, abaixando as mãos. Passou a mão na cabeça, olhando de volta para o ferido.

- Por... que?

Falou baixo para si mesma, fitando agora o nada. Estava literalmente tentando buscar todas as explicações possíveis, mas, nada lhe vinha a mente. Na realidade, começou a pensar em todas aquelas vidas, as experiências que perderiam, tudo que poderiam viver sendo perdido daquela forma... Fazia seu coração doer. Estava lacrimejando e procurou se conter.

Voltou o olhar para a garota.

- O que aconteceu..?

- Uma família especial...

Juntou as mãos ao corpo, lembrando novamente do rapaz do lado de fora que estava derretendo a neve ao seu redor. Talvez pudesse usar isso..? Voltou o olhar para ela.

- Eleanor... Eleanor Reagan. Tem um garoto lá fora, loiro, com um gato, ele estava cheio de cortes e estava verdadeiramente quente, tipo, derretendo a neve ao redor dele... - Seu olhar estava preocupado, mas, sua voz ficou mais calma. - Eu não sei se é o tipo de coisa especial que vocês tem, mas...

Olhou para baixo, suspirando.
Sentia-se impotente.

Deu um pequeno sobressalto com aquela reação, dando alguns passos para trás, assustada, e ficou ainda mais perturbada ao ouvir aquela voz. Não estava mais pensando, seu corpo apenas começou a agir por conta própria e saiu, literalmente, correndo com toda força para fora do orfanato e tentando alcançar seus alojamentos.

Teve que tomar cuidado para não esbarrar no homem, literalmente quase caindo no chão e olhou para trás, assustada com o que aconteceu e em alerta por conta da pergunta dele. Recuou dois passos, sorrindo um tanto nervosa.

- Eu esperava que podiam ajudar ele, só isso, ele deve ter ficado muito tempo lá fora, preciso ver se está... Bem.

"Vivo", seria outra palavra que daria para usar, mas, estava com uma péssima impressão acerca daquela situação. Olhou ao redor, procurando pelas crianças.

Ansiedade.
Proximidade.
Demais.

Afastou o rosto, sentindo a cor fugir do seu rosto por conta da proximidade. Olhou para a mão no ombro, apertando seu próprio punho para não afasta-lo dali. Fitou os olhos do homem, engolindo em seco.

- E-Eleanor...

Antes de falar o sobrenome o gato avançou e deu um gritinho de dor, agora sim afastando a mão dele para se afastar do gato, atordoada, com medo, olhou entre o gato e o homem, as duas mãos juntas sobre seu peito. Sinceramente, sabia lidar com animais, mas seus sentimentos estavam abalados e sentia medo...

Lembrou-se da voz em sua mente.

-... Reagan... Desculpe, mas eu ainda tenho que ir, de verdade. Fico aliviada que ele esteja bem, por favor, se cuide.

Dita essas palavras, iria procurar sair dali de volta.

Ficou assustada em não encontrar o rapaz, mas, ficou ainda mais com medo de ver o animal perdido ali, sozinho. Se aproximou e se abaixou na frente dele, sem temer o frio da neve e estendeu a mão para o animal, oferecendo para que cheirasse.

- Ei rapaz, o que aconteceu? Vem cá... Sou eu, lembra de mim? Eu estava aqui antes...

Estava com medo do que poderia ter acontecido.

- Tadinho...

Aproximou a mão devagar, fazendo carinho na orelha dele antes de aproximar-se um pouco mais. Queria o tomar nos braços de imediato, e apesar do frio que subia pelas suas pernas por conta da saia, estava ignorando tudo. Iria dar o tempo para o animal se familiarizar com ela, pelo menos um pouco para que pudesse o levar para dentro.

Não fazia a minima ideia da política sobre "ter animais", mas, não podia o deixar daquela forma.

- Onde está seu dono, rapazinho..? - Suspirou, preocupada.