Island of villains

Deixou um gritinho escapar quando foi pega de surpresa, mas manteve a cara emburrada até o final da explicação e assim que fi deixada no chão, virou o rosto para o outro lado.
━ Mentiu até sobre seu nome. Está tudo bem, eu não o culpo, não sou exatamente a pessoa mais confiável do mundo.

Engoliu o orgulho, escondendo o rosto no cachecol e prosseguindo olhando para frente. Quando se deparou com a cena, ficou alguns segundos sem saber o que falar ou fazer.
━ O que diabos é isso? Certeza que isso é uma prisão?

Balançava as pernas, deixando o tédio transparecer no rosto até ouvir o garoto. Puxando as roupas do noivo, pediu para descer, ficando ao seu lado.
━ Presos por roubo.

Arqueou uma sobrancelha para a mulher A primeira resposta que lhe veio a mente foi "Nah, acabamos de nos conhecer e já me joguei nos braços de alguém desconhecido, sua anta.", mas ao respirar fundo, ela se agarrou ao braço de Gianni e sorriu.
━ Sim! Somos noivos, infelizmente nossa situação financeira era um pouco... Precária.

Ao ouvirem a falsa história, todos voltaram ao normal, continuaram comemorando e comendo, tudo oque estavam fazendo, a garotinha que estava espantada com novos moradores da ilha ficou sorrindo ao ver ele fazer todas as aquelas bobices, e quando ele perguntou que tipo de carne era, ela foi a que respondeu. — Humana, carne humana.— Sorriu enquanto começou a correr pra voltar as outras crianças dançando. A garota que estava do lado de Gianni ouviu claramente ele falar de Ariel, segurou a mão do rapaz e caminhou em direção a maior tenda dali, ela ficava praticamente dentro do mar já que para entrar deviam passar por uma maré baixa.


Chegando naquela tenda, estava uma garota ruiva de olhos azuis, metade de seu corpo estava na água enquanto a outra metade se mantinha fora dela, seus dedos balançavam conforme a ondulação da água era criada com aquilo, parecia entediada conforme eles entrava, a água onde ela estava começava a criar mais ondulações, o que deixava claro que tinha visitas.

— Oh... Vocês são os assaltantes, né?— Sorriu, mesmo sendo uma garota, era tratada como uma rainha ali, ela ainda não era maior, como eles dois sabiam e por isso ao sair da água dava pra ver seu corpo completamente nu, não tinha vergonha alguma dele, algumas ferias de batalha na barriga e ombros. — Engraçado... Ouvi muitas histórias do vigilante dourado, nunca ouvi falar de alguém vindo pra cá por roubar, matar policiais ou algo do tipo. — Ela cerrou o olhar enquanto olhava para Gianni e Natasha, alterando entre os dois vez ou outra.

— MEIO DIA!! —  Gritavam do lado de fora da tenda, com isso Ariel veste as roupa e sai da tenda, deixando-os para trás, esperando que eles seguissem. — Meio dia, hora de ir pra guerra, estão prontos?

Ouvia Gianni falar com uma expressão emburrada, afinal ela já estava acostumada ao fato de que ele falava bastante e, considerado o pior por muitos, o que lhe vinha a mente. Mas naquela ocasião enquanto ainda estava irritada, a ação lhe irritou mais do que deveria.
━Ei, nós ainda não terminamos nossa conversa.

Sussurrou para o moreno enquanto observava o lugar. Ao ouvir sobre a carne, apenas deixou uma risada sem graça escapar.
━Crianças... Tão adoráveis...

Ergueu uma sobrancelha para a mulher, já desconfiada do que veria. Assim que seus temores foram confirmados, Natasha deu um pulo para puxar novamente a touca do noivo.
━O QUE DIABOS ESTÁ OLHANDO? EI VOCÊ, COLOQUE UMA R-- Guerra?

Piscou os olhos, soltando a touca de Gianni. Sua expressão mudou, não estava com medo, mas aquele lugar era bizarro demais. Além disso notou como nenhuma das perguntas foram respondidas.
━Ei, que guerra é essa?

Ouvia a contra gosto as palavras do amado, pois sabia que no fundo ele ainda daria a vida por ela por mais que falasse o contrario. Mesmo assim ela apenas o ouvia calada e concordava, não queria ser mais fardo do que já era, afinal se era mesmo uma guerra, seu cérebro não ajudaria muito, a menos que houvesse um quiz até a morte. A simples ideia lhe arrancou uma risada arrastada, até ouvir o zunido da flecha. Seus olhos quase pularam para fora ao ver o garoto caído no chão.
━ Ei, espe--

Sentiu o corpo ser elevado tragando sua atenção. Só então se deu conta do que a mulher tinha dito, algo sobre o mar. Mas não teve muito tempo para processar a informação, porque Gianni já corria em direção ao mar.
━ Ah não. Não, simplesmente não!

Mas antes que pudesse convence-lo, já estava afundando na água, prendendo o máximo de ar que podia. Ficou agarra ao corpo dele, boa parte por estar com medo, mas a outra era porque ele provavelmente ficaria inquieto se não o fizesse. Mas ao perceber que ele estava fazendo mais esforço que o necessário, ela esticou o pescoço e uniu os lábios aos dele, dividindo o ar que tinha. Ainda achava loucura aquilo, daquela forma poderiam mesmo morrer sem nem mesmo terem chance.

Natasha era péssima em acompanhar o entusiamo do noivo, mesmo que sua resistência tenha aumentado nos anos que passaram juntos, ela ainda se dava melhor sentada na frente de um piano. Por isso apenas permitiu ser arrastada e beijada, tentando corresponder a intensidade dele. Mas ao ouvi-lo, sua expressão murchou e ela o encarou sem conseguir esconder a dor. Claro que doeria, ela sabia disso, mas parecia muito mais fácil falar do que sentir.
━  Gi, concentre-se. E eu consigo andar por mim mesma.

Tinha pego a mochila de algum modo, tirando-a das costas e colocando-a no chão ao lado de seus pés para ouvir atentamente o que a garota dizia, cruzando os braços.
━  Não. Nosso inimigo não importa tanto assim, quem é você? Qual seu nome? E o que são exatamente?

Seu olhar era um pouco intimidador, pois o pequeno desespero de ver Gianni se distanciando aumentava cada vez mais. Não tinha tempo para perder em uma luta que não era sua, só queria pegar a porcaria da garota e meter o pé daquela ilha bizarra para tomar um bom banho.

Estreitou o olhar conforme a loira falava, aquele lugar era muito mais bizarro do que achava, ou do que poderia ser possível. Sequer teve tempo de reagir e pensar em algo, pois uma dor crescente se espalhando por sua panturrilha. Abrindo a boca num grito mudo, pois mordeu o cachecol, ela se abaixou e abraçou a perna, sentindo os olhos lacrimejarem. Sem forçar para contrariar, apenas apoiou a cabeça no ombro do noivo e deixou as lagrimas escorrerem sem tentar detê-las. Sua cabeça girava e ela s sentia um pouco tonta e sem forças, por isso demorou para reagir.
- Não, isso está errado...

Embora falasse, sua voz era fraca demais e não era alta o suficiente para ultrapassar a de Gianni. Bufando e escondendo o rosto nas mãos por alguns segundos ante de balançar a perna ferida, causando uma nova choque de dor, conseguiu reunir forçar para gritar.
- GIANNI CALE ESSA BOCA AGORA! VAI FICAR? VAI FICAR É O CARALHO, PELOS DEUSES HOMEM, SE CONTROLE OU EU ENFIO ESSA FLECHA NA SUA BUNDA!

Seu rosto estava corado e o suor escorria por sua nuca, mas ela não parrou de falar mesmo.
- Só tira essa merda da minha perna, faça um curativo e estarei nova em folha. Explique a porra da situação, claro que ela não vai abandonar sua casa por nada. E eu não preciso dizer que a possibilidade de você ficar em seu lugar NÃO está em discussão aqui.

Seu olhar era feroz, tanto pela fúria quanto pela dor na perna, além disso o sangue estava começando a lhe preocupar.

Franziu a testa para a voz soando em sua cabeça, chegando a pensar que estava enlouquecendo por culpa daquele lugar. Mas a dor em sua perna era real demais, verdadeira demais.
━  Quem es--

Virou a cabeça para Gianni, franzindo mais uma vez a testa, que foi de preocupação para desespero. Primeiro seu olhar refletia a dor que sentia por dentro, afinal estava bem claro que seu noivo não se lembrava mais dela, depois uma negação frágil, fazendo os lábios se curvarem num sorriso trêmulo.
━  Só pode estar brincando. Morrer aqui? Você não muda não importa o tempo, sempre repetindo e repetindo as mesmas tolices!

Sabia que ele ficaria ao menos ficaria confuso com sua reação e se aproveitou dessa brecha para puxar seu braço e encosta-lo na pedra.
━  Não seja idiota, não há jeito de morremos aqui! Eu não vou morrer antes de arrastar a cara daquele cretino no asfalto e depois jogar o corpo numa vala!

Levando a mão até sua nuca, ela puxou sua cabeça contra seu peito e o abraçou, ficando de costas para a onda que estava vindo e se preparando para prender o ar.

Tudo passou tão rápido. Podia sentir com certeza os fios sedosos do moreno em seus dedos, seu rosto pressionado contra o peito, a proximidade dos dois. E tudo mudou tão rapidamente. Ela só sentiu o corpo voar para longe, enquanto inutilmente esticava a mão para o vazio. A sensação de estar sufocando era bem real, seu peito ardia e a cabeça latejava. Sequer teve tempo para notar que era tudo coisa da sua cabeça, afinal a ardência pelo corpo causada pelos cortes a impedia de pensar claramente.

No outro momento estava sendo levada, mas sabia que aquelas mão não era de Gianni, ela se lembrava de seu toque. Mas ele não se lembrava dela, ele precisava dela. Não podia deixa-lo sozinho, não sem suas memorias. Não naquela ilha. Embora quisesse lutar e se afastar, não tinha forças para isso, então apenas deixou ser arrastada para longe enquanto sua consciência apagava de vez.
"Gi."