The Cemetery

Respirou fundo o ar do cemitério quando chegou.
Não entendia bem o que havia de diferente, mas, sempre se sentia confortável ali. Gostava de ir a igreja para lembrar seu pai, mas, não tinha nada de predileto.

Todavia, era em locais como aquele que se sentia com a cabeça limpa. E certamente precisava disso para colocar tudo em ordem...

Andou um pouco pelo lugar, havia pego um casaco e colocando meia-calça, continuando de saia, mas também estava com botas. Colocou as mãos dentro do casaco e foi andando calmamente, observando os túmulos. Verificou que estava sozinha para poder ficar mais a vontade.

- Engraçado... - Suspirou, sorrindo de canto e olhou para cima. - Por que eu? Mesmo que eu possa ter te escolhido, você também me escolheu, e por que isso aconteceu?

Andou um pouco até chegar na cruz no centro do cemitério. Todo aquele papo sobre família a fazia lembrar da morte da sua. De como tudo acabou descendo de maneira terrível, de como era até ser adotada pelo Miguel...

-... As almas deles podem estar num outro lugar, certo? - Continuou falando consigo mesma, era um hábito bem peculiar seu. - De acordo com o que aprendi com meus pais biológicos, eles estariam, afinal de contas...

Não era como se acreditasse no cristianismo também. Não acreditava num conceito de céu ou danação eterna, não se importava com a morte ou com o que vinha depois dela. Se pudesse simplesmente desaparecer, seria bom. Sorriu de canto ao pensar nisso. Seu pai não iria gostar desses pensamentos.

Sim, ele iria preferir que tivesse misericórdia, certo? Como nos testamentos... Acabou se abaixando e juntou as mãos, rezando brevemente pelas almas da sua falecida família e pedindo pela segurança daqueles que estão vivos. Depois disso, apenas se levantou e se encostou num tumulo, procurando relaxar um pouco.

...Lágrimas?
Por que estava sentindo aquilo?
Acabou se levantando surpresa ao ouvir a voz e arregalou os olhos, passou rapidamente a mão nos olhos e acabou dando um sorriso sem jeito.

- Uhm, nada! Eu... Só gosto de passar um tempo em silêncio para pensar...

Notou a pá. Talvez fosse apenas o coveiro? Acabou ficando muito assustada por ter sido pega num momento meio emotivo, mas, o que sequer havia de errado com ela? Ou melhor, o que havia de errado com aquele lugar?!

Se abraçou, repentinamente, estava se sentindo bem desconfortável.

- Você... É o coveiro, certo?

- Não... Eu acho que já vou indo também...

Queria sair dali. A pressão nos seus sentimentos, estava fazendo sua mente começar a ficar confusa, e não era bom aquilo... Talvez precisasse de outro lugar? De todas as formas, apenas acenou com a cabeça, com o tom agora sem conseguir disfarçar como estava desanimada.

- Bom trabalho...

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