New Hope Church

- Progenitora do tempo?! Que?!

Definitivamente confusa.
Deveria proteger quem? Fitava aqueles homens, completamente atordoada, e ainda mais conforme era levitada.

- E-Espere, é muita informação!

E então era jogada. Não sentia nenhuma maldade neles, sabia disso, só estava absurdamente confusa. Seria por conta do "superior" que havia escolhido? Sabia o que ele significava, talvez fosse por isso mesmo? Fitou o oceano na frente dela, não havia nada que desejasse realmente, apenas...

Lembrou daquele homem, lembrou dos perigos que enfrentou, pensou no que seu pai iria querer dela, no que ele lhe ensinou e no que aprendeu com isso tudo.

Seu desejo...

- Eu... - Era isso que deveria fazer, certo? Sentia que era isso. - Eu quero... Tornar esse mundo... Melhor... Desejo poder viver uma vida longa, ser amada, quero poder entender meus sentimentos e proteger esse mundo... Por favor, eu quero poder iluminar mesmo os corações mais escuros, como o meu foi...

Foi?
Aqueles eram seus desejos, de fato, não importava o que fosse, no fundo, era isso. Sabia que suas palavras poderiam soar bonitas, belas até, mas Uriel sabia o que existia no seu coração, aquela escuridão sempre iria existir, como uma sombra e a luz.

- Não importa o que fique no meu caminho.

E fechou os olhos, aguardando a água.

Ambos dois seguiam o devoto em direção ao novo local.
O garoto recuperava sua empolgação a cerca do assunto, sabendo que agora a atenção do homem seria apenas para si.

MDT - Biblioteca Quadrivium

Bem, chegava na igreja de volta.
Honestamente, não tinha muita ideia para onde ir, mas, considerando tudo, talvez ali fosse o melhor lugar.

Esperou brevemente, checando se alguém iria se aproximar dela como da última vez.

Não havia sinal daqueles homens de branco, afinal? Mas, acabou notando com os olhos aquele dito sacerdote e até se preparou para caminhar na direção dele, quando uma voz lhe chamou a atenção, quase desconfortável pelo eco que teve e principalmente pelo tom que usava em um lugar sagrado. "Muriel, Ukitel"? Virou o rosto, um tanto indignada pela forma que ele falava, mas, acabou soerguendo as sobrancelhas.

- Espere um minuto...

Ela... Conhecia ele, não conhecia? Teve que puxar do fundo da sua memória, mas, logo seu rosto ficou corado e seus olhos se arregalaram ao se lembrar da cena no orfanato, onde todo mundo ficou a olhando e ele ficou rindo com o truque que tinha feito. Acabou abrindo um sorriso, ainda que atordoado. "Arlequina"?

- A-Ah! - Se aproximou, olhando ao redor temente de ter feito barulho demais. - Eu... Me lembro de você, do orfanato, certo?

Mantinha o sorriso nos lábios, acabou rindo, acenando negativamente com a cabeça.

- Você me conhecia como Jillian, mas, de fato, sou Uriel agora... - Olhou para o lado, suavemente sem jeito. - Eu não cheguei a saber seu nome, em compensação...

Lembrou-se do encontro com o Ciclope, no fim era ele também o outro irmão? Sim, tinha visto a figura dele. Voltou o olhar para ele, um tanto contente por aquele reencontro.

WaitWaitWaitWait!tooclosetooclose!
Uriel foi ficando insanamente vermelha por toda aquela aproximação repentina, aproximando os braços do peito conforme se encolhia, quase amedrontada - chegava a ser engraçado pensar no contraste que era naquele momento e quando estava em combate -, e cobriu a boca com aquele sussurro na sua orelha, olhando-o de canto, abismada, para enfim acabar sendo surpreendida com seu celular na mão dele.

- Quando que!

Mas, não ficou irritada quanto a ter o celular o pego, mas sim por tudo aquilo ter acontecido num local sagrado e santo, aliás, disso tudo ter ocorrido e ter sido deixada sem jeito.

- Que Deus me perdoe, mas o caralho que vou te chamar de rei.

Foi até o rapaz, pegando-o pelo braço e literalmente o arrastando dali para um lugar mais reservado, atrás da pilastra, onde quase o empurrou para ficar contra a parede e colocou as mãos em seus ombros, o encarando nos olhos, aquele sorriso nervoso ainda estampado nos seus lábios junto com o rosto vermelho.

- Nem pense que vai sair andando assim comigo! - Apesar do tom de alerta, estava falando baixo, bufando, começando a guiar a mão direita para trás dele conforme aproximava o corpo. - Dois podem jogar esse jogo, mocinho.

E iria até o bolso da parte de trás, enfiando a mão ali dentro e pegando o celular de volta, conforme bufava e recuava de volta. Ficou o encarando conforme abria a bolsa, jogava o celular ali, fechava e cruzava os braços, meio que ficando abraçada com a bolsa de volta.

- Agora, o Papa fica na Grécia, mais especificamente, Roma, e sendo mais especifica ainda, Vaticano. Não sei que tipo de líder está procurando, e acredito que nós dois podemos nos beneficiar disso. - E ergue a mão, apontando o dedo para ele. - E antes que eu me esqueça, sem aproximações súbitas.

Estreitou os olhos.

Acabou dando um sobressalto quando seu RG foi pego e pulou atrás dele, atordoada. Havia apenas o nome paterno, e estava colocado do lado Adotivo "Miguel Nakata". Pegou seu documento, agora verdadeiramente corada e guardando-o rapidamente.

- Não sai pegando minhas coisas, eu já disse!

Honestamente, não sabia quem era pior, ele ou Takeshi... ...Ao se lembrar do ocorrido de antes, acabou olhando para o rapaz, quase timidamente, mas estava mais séria.

-... Olha, eu... Eu acho que sei mais ou menos o que pode estar acontecendo contigo, mas, nem mesmo eu entendo direito, quero tanto respostas quanto você... - Passou a mão na nuca, olhando para o lado. - Mas, se quiser conversar sobre isso, é melhor irmos em um lugar mais particular...

E voltou a olha-lo, séria e aguardando a resposta.

Sua mão foi de encontro ao rosto e acabou suspirando, o pegando de volta pelo braço e o guiou para o lado de fora, onde, pelo menos, suas vozes não estariam ecoando e ninguém iria prestar tanta atenção numa dupla conversando. Se pós um pouco longe da porta, verificando os arredores e respirou fundo, voltando o olhar para ele.

- Mais importante do que quem eu ouço... - Seu olhar ficou atordoado enquanto tentava processar aquilo e pensar numa maneira de dizer isso, passando a mão na testa. - Olhe, não tem um jeito fácil de dizer isso, mas...

Respirou fundo, juntando as mãos enquanto o olhava nos olhos.

- Aparentemente eu e você, nós, somos irmãos de alguma forma... E sim, tem um terceiro irmão, o nome dele é Takeshi, e estamos de alguma forma relacionados sobre uma profecia e uma guerra...

E aguardou. Cara, aquilo era insano demais, mesmo que ele fosse meio maluco, tava aguardando ele dizer que era insano também.

Primeiramente, ficou apenas observando a reação primária dele, apesar de que a risada certamente fora bem mais alta do que esperou, as palavras dele em seguida lentamente começaram a deixa-la irritada...

Ainda mais por ter dito "mentira". Seus punhos se fecharam e seu olhar certamente lançava adagas contra ele.

- Você...

Mas, antes que pudesse dizer algo, a mulher interrompeu, virou o rosto e as emoções que a envolveram naquele instante conseguiram combater a fúria que cresceu dentro de si. Respirou fundo, pegando o quepe de quepe de dentro da bolsa, sempre o guardava quando entrava na igreja, mas, agora, realmente estava irritada. Fechou os olhos e virou o rosto, não estava gostando da atração repentina que teve para com aquela mulher.


- Sinto muito, não bebo. - Disse após ajeitar o quepe, seu tom até mesmo desconfortavelmente sério, voltou a olhar para a mulher. - Teve aquele cara do Ciclope que veio atrás de mim e do Takeshi querendo nos matar, se sabe que somos irmãos, gostaria de uma prova de boa fé primeiro.

...Eu gosto?
Ficou confusa quanto aquelas palavras que surgiam e chegou a ficar corada com o jeito que aquele homem disse. Não estava gostando nada daquela situação, de ser guiada daquela forma, mas...

Poderia procurar as respostas depois ainda sim... Encarou de lado o maldito do seu "irmão" e afastou a mão da mulher antes de ser tocada, dando alguns passos para o lado conforme cruzava os braços.

- Não preciso ser guiada, apenas mostre o caminho.

Sim, ela estava verdadeiramente irritada. Cruzou os braços, deixando ser levada.

Ficou ainda mais indignada com a ação do homem ao seu lado, corando de leve enquanto dava dois passos para o lado, resmungando. Por que estava se sentindo incomodada com a aproximação repentina daquele homem com a mulher? Na realidade, sequer a conhecia, nada fazia o minimo sentido naquele momento.

Chegou a pedir auxilio do seu superior para tentar pensar direito, sua mente estava estranha e isso nunca havia lhe acontecido antes - bem, a não ser quando emoções estavam envolvidas.

Seria por isso que estava daquela forma?

Viu o vinho surgindo repentinamente no ar e até chegou a recuar um passo, apenas com certo medo do que viria a seguir, mas... Aquele convite... Chegou a ficar completamente vermelha e seu coração ficou completamente descompassado. Encarou de lado o homem, sentindo a irritação de antes voltando junto com aquela estranha raiva que teve de vê-lo se aproximando da mulher.

- Mrgm...

O que seu superior iria pensar? Por Deus, o que seu pai iria pensar?!
Mas, voltou a olhar a mulher na sua frente, hesitante, até tremendo um pouco, não queria pensar que seu "irmão" poderia aproveitar daquilo, na sua frente, depois de irrita-la tanto.

Mas...
Seu bom senso ainda estava gritando. Estava difícil se controlar naquela situação toda e estava odiando aquilo. Seus instintos estavam gritando para não acreditar naquela mulher, sua raiva estava borbulhando e sentia algo... Luxuria?

Quando percebeu, sua mão estava apalpando a bolsa, atrás da faca, sentindo o cabo dela, acabou suspirando aliviada, sim... Talvez essa fosse a solução...

- Diga logo o que você quer. - Ela sorriu de canto, agora, um brilho muito mais perigoso começava a sair de seus olhos por conta de todo aquele conflito emocional. - Diga, diga, diga agora.

Seu corpo tremia de leve. Sabia que não era bom, não era nada bom, mas estava perdendo o controle.