Hotel Cortez

— Deixa que eu atendo a porta — falei, após os acontecimentos estranhos. Cheguei na porta, destranquei ela e a abri lentamente.

*Tsukuyomi, um dos diversos deuses do Panteão xintoista ao qual ele havia fugido quando menor [Consultar a nova ficha no Muro das Lamentações] e tamanha coencidencia o fez dar uma breve risada se mantendo ali parado mas bem humorado*

-O deus da lua e das ilusões, esposo da deusa da luz e da vida, realmente ironico, Susan'oo habitou em Izumo no plano físico, Amaterasu em Shiranui, mas você é o único que não possui alguém no físico. -O olhar negro permanecia naquele luar branco se mantendo naquela mesma forma, naquele clima de paz.

-Eu sinto muito te dizer mas eu não acredito em Deuses embora em meu passado eu tenha sido possuído supostamente por um demonico chamado Legião, antes ele falava bastante em minha mente, vinha me visitar em meus pesadelos e agora é você, o que me garante que você não é ele? Uma mera perturbação da minha mente? Que desde certo ponto da minha vida eu entrei em coma e tudo isso é só mais dos vários sonhos que tive? Como pode me provar que não só você, mas tudo o que vivi até agora é realidade e não somente um delírio digno de um Quixote? -Aquele homem realmente não costumava falar, afinal, quantas vezes o chamou e ele sequer o respondeu? Bem, ao menos naquele momento quem sabe ele fosse esclarecer tudo para si.

*Fechou os olhos e se mantinha sorrindo com os lábios unidos, tratando então de permanecer ali sentado e devagar abrir seu olhar amaldiçoado, vermelho com os três tomoes ao redor, este que tinha um vermelho tão intenso que podia ser visto até no escuro*

-Dizer em voz alta e caminhar até frente a si seria o mesmo que obedecer os seus comandos, logo, obedecer um deus é totalmente o contrário do que estou dizendo. -Olhou a divindade sobre o ombro mantendo o sorriso morno e expressão gentil podendo ainda ver o outro de costas, o que poderia ser um bom sinal, talvez.

-Eu simplesmente não admito a sua existência e a de nenhum outro Deus, logo, não te devo obediência e não preciso provar ou fazer nada para você. -No momento se recordou daquele poder imenso que despertou por um tempo contra aquele devoto ruivo, algo que sem duvida havia subido a cabeça e o feito realmente se sentir grandioso como um deus, entretanto, ainda não era o bastante para ele abandonar seu Ateismo e "baixar a cabeça" para Tsukuyomi, mesmo que este o tomasse tudo e o matasse ali mesmo, assim sendo, mesmo sabendo disso, não demonstrava medo ou receio algum.

Quando vi a Sally no elevador, sai correndo para ele, no entanto, voltei. Voltei até o quarto, fui até Sally e a cutuquei. Depois de cutucar, fiquei correndo entre a porta
e ela, como se não soubesse o que fazer.

— Sally, por favor, me diz que você é real! Não minta para mim! — gritei, assustado, parado na frente da porta, depois de ter corrido bastante.

*Agora finalmente conseguia ver a face daquele dito como um deus, um deus cuja a face era tão humana quanto a própria, não era imponente, animalesco ou divino, era algo humano mesmo que belo, algo que o fez sorrir de forma mais aberta, aquilo realmente era de certa forma decepcionante*

-A face de um dito Deus se assemelha a de um mero mortal? Que decepção. -Se erguia devagar enquanto o homem seguia mantendo seu olhar amaldiçoado que novamente não tinha poder nenhum, mantendo o foco naquela divindade que quando proxima o golpeou com a lança, já ele seguiu o mover sacando sua lamina comum de luz e atravessando no peito do outro em uma ação unissona, isso se uma mera lamina pudesse ferir um corpo divino.


-A luz da minha espada é a mesma do sol ao qual você jamais verá, Tsukuyomi, mas não se preocupe, caso eu vá para o Yomi ou para o inferno, prometo admitir que você tinha razão para sua mãe Izanami ou para o diabo que me carregue, muito embora sua solidão seja pior do que qualquer outro castigo que eu vá receber lá em baixo. -Sorria enquanto o sangue escorria do canto da boca tendo a face e a situação iluminadas pela lamina que emitia os raios ultra-violeta em um branco intenso.

-Ah, eu já ia me esquecendo, é uma pena... Você não vai voltar para Amaterasu e eu não vou voltar para minha pequena Meredith, mas veja o lado bom, ela morrer e ir junto a mim para termos nosso eclipse é bem mais próximo do que você reencontrar Amaterasu, tolo Ronin. -Fechou os olhos e sentia mais um pouco do sangue escorrer pelo outro canto da boca, porém, mesmo naquele leito de morte, aquela sensação de vingança não vinha, muito embora quisesse viver o bastante para ao menos ver Meredith de novo, enfrentar Astarte e aquele devoto sem nome, bem, queria, mas se tudo aquilo fosse mesmo um sonho, estava na hora de acordar não é mesmo? Mesmo que esse acordar fosse em um lugar pior.

*Ao cair da cama ele acertou o rosto no chão, e aquela dor de ter batido sem duvida era real tal como aquela sensação de quando estava morrendo... O corpo frio, a saudade que havia batido ao pensar em Meredith, tudo, realmente foi algo real demais, porém, ainda difícil de aceitar*

-... -Ali no chão ele mantinha as mãos e joelhos contra o solo encarando o chão como se estivesse em panico, sentindo o suor escorrer da testa e cair no chão, se recordando de tudo o que havia ocorrido quando menor, dos ensinamentos de seus pais, do que passou na igreja, foi tudo real, tudo.

-... -Se lembrava dos ditos daquele Deus e pouco a pouco foi se erguendo com o corpo ainda um pouco mole, pondo a mão no rosto, deslizando está devagar enquanto abria lentamente seus olhos. 

-... -Os piscou e eles voltaram ao negro natural, aquela maldição havia ganhado um novo patamar, este que somente seria explorado mais tarde, afinal, a conexão com Sparda e Tsukuyomi havia se tornado mais estreita a ponto dele agora conseguir se comunicar com o mesmo sem precisar de tanta concentração.

-Tsukuyomi, o sangue do lobo ainda está fresco, ainda devo caça-lo ou tenho outro afazer? -Assim como Izumo foi para Susan'oo e Shiranui foi para Amaterasu, Yuuichiro era agora uma especie de receptáculo de Tsukuyomi, afinal, não havia mais como nega-lo ou renegar sua existência, tal como tudo o que houve até agora.

-Aquele poder que eu tive contra aquele devoto, eu o quero, eu preciso de mais poder, Tsukuyomi, irei a guerra em seu nome, irei conquistar em seu nome, irei trazer sua amada de volta em seu nome! Guie-me meu Deus! Permita-me ganhar o mundo em seu nome, permita-me ser o receptor de seu poder... De a mim o próximo comando e me permita ter o poder para proteger minha amada aliada assim como você almeja proteger a sua! Guie-me, Tsukuyomi no Mikoto! 

Estranhei que ela nem ao menos parou para falar com o recepcionista, mas assim que eu passei por ele, tirei do meu bolso a chave do quarto que havia pego e taquei no balcão, criando um arco perfeito, para que caia de certeza no balcão sem problemas.

Os olimpianos pareciam bem influentes e conhecedores da situação, era realmente estranho como eles escondem tais coisas da humanidade. Continuei a seguir a mulher, atento caso algo acontecesse, já que esse hotel era esquisito.

Assim que entrei naquele local, senti minha barriga revirar. Aqueles corpos me enojaram de uma maneira que nunca senti tanto na vida. Tentei aguentar aquilo, encarando apenas o homem à minha frente, ignorando todos os corpos, contudo, não fui capaz de aguentar. Recuei alguns passos para trás e vomitei. Por sorte, não havia comido muito – e notei isso apenas após vomitar –, assim, o vômito que saiu, foi apenas um pouco de baba, que só precisou ser cuspida.

Por ter dado recuado para vomitar, fui capaz de ver os cachorros demoníacos chegarem e em seguida recuarem. Iria tratar de avisar isso para Atena, mesmo que possa ser algo do hotel, seria bom para puxar um assunto para ela me explicar sobre o hotel. Mas, não iria atrapalhar a conversa por agora, por isso, apenas fiquei um tempo ali, respirando, tentando me acalmar, com os olhos fechados para não ver nenhum corpo.

Depois de sentir que estava calma o bastante para voltar, virei meu rosto, ainda com os olhos fechados, em direção ao homem e abri os olhos apenas quando senti que estava encarando ele. Assim que abri os olhos pensei "Na mosca", havia encarado bem no meio dos olhos do homem. O que deu um arrepio, pois a aura que ele exalava era um pouco amedrontadora, mesmo que não fosse comparado com nenhum dos olimpianos, nunca havia encarado algum deles desta maneira. Assim, evitei olhar para os seus olhos, apenas encarando a sua testa. Deste jeito, voltei para o lado de Atena.

Se aproximou do Hotel, um pouco temerosa sobre o que viria a seguir. Olhou para cima, fitando o céu e desejou forças para sua deusa. Estufou o peito e entrou no hotel, olhando ao redor, um tanto curiosa sobre o que viria.

Ouvi tudo aquilo, várias perguntas se formaram em minha cabeça e assim que notei Atena retirando sua espada, recuei, não queria ficar na frente daquilo.